domingo, 22 de junho de 2014

Só consegui entender minha mãe quando me apaixonei por alguém tão doente quanto meu pai.

Passei anos tentando entender os motivos que fizeram com que minha mãe fosse embora e jamais voltasse para passar pelo menos uma semana inteira comigo.
Sofri sua ausência durante toda a infância e ainda continuo sentindo falta de um laço que não se estabeleceu por falta de convivência.
A falta de afeto fez com que eu me tornasse uma adolescente carente e insegura. Por não ter tido nunca alguém para conversar sobre a vida, me tornei uma adulta travada, totalmente inibida.
Desconstruir todos os meus medos e frustrações me deram um trabalho enorme e ainda continua dando. São os cuidados diários que me fazem enxergar meu valor. O autoconhecimento foi meu guia.
Por vezes me indignei com o descaso aparente da minha mãe, adoeci por falta de afeto dela.
Só consegui entender seus motivos quando passei pelos mesmos problemas pelos quais ela passou: me apaixonei por alguém doente e vi minha vida desmoronar.
Fiquei completamente encantada por alguém que chegou parecendo ser a melhor pessoa do mundo e que se transformou no meu pior pesadelo. Alguém de quem eu não conseguia fugir, embora soubesse de todos os problemas que ele me causava.
Há mais ou menos seis anos iniciei um namoro com um rapaz que não conseguiu ser honesto comigo um dia sequer. No início eu não percebia suas mentiras, já que eram todas bem elaboradas. Depois de um tempo ele já não se preocupava mais em esconder as traições, mas sempre dava um jeito de contar uma história que mudasse a situação que ele mesmo tinha causado e colocasse a culpa em mim. Não entendo como eu caia na conversa dele, mas acreditem, eu caia. Passava dias me sentindo culpada por algo que eu nem sabia direito o que era.
Passados alguns anos, depois de tantas idas e vindas, traições e acertos, ele casou, quando eu menos esperava, quando estávamos numa semana em que fazíamos planos para finalmente nos acertarmos.
Durante o período que ficou casado com a moça que escolheu, não me deixou também. Mantínhamos contato todos os dias. Nunca passamos uma semana sequer sem que saíssemos. Me permiti ficar numa situação que jamais havia cogitado na vida. Me submeti a isso sem perceber que me diminuía por algo pueril.
Ele saiu de casa, continuamos nos encontrando quase todos os dias.
É, ele estava comigo. .. e com outras também.
Um momento feliz com ele, me fazia esquecer dez de sofrimento que ele me causava.
Posterguei o afastamento, negligenciei minha vida, perdi oportunidades porque não tive a força que minha mãe teve quando simplesmente virou as costas pra um amor que só a diminuía.
Minha mãe foi embora e jamais voltou porque sabia que se voltasse não teria forças para sustentar um NÃO quando meu pai se aproximasse.
Hoje eu sei que minha mãe me causou uma dor, mas que me evitou outras mil. Talvez se ela tivesse continuado aqui e tivesse reatado com o meu pai, a vida dela não teria andado, ela não seria a mulher independente que é hoje e nem teria conseguido crescer como conseguiu à duras penas, e sozinha.
Minha mãe se livrou de um amor que a podava, correu pro desconhecido deixando tudo para trás, inclusive eu que até pouco tempo atrás tentava me livrar de um amor que me aprisionava desde que deixei que ele entrasse na minha vida.
Se eu permitisse, ele continuaria comigo, não me abandonaria jamais, mas nunca também ficaria junto. Me acompanharia, teria mil crises de ciúme, continuria sendo extremamente possessivo, mas não saberia permanecer num relacionamento saudável. Jamais teria tempo para os cuidados necessários, já que continua com outras também. Com certeza deve dizer que as ama e cada uma deve acreditar tanto quanto eu acreditava até certo tempo.
Enfim, se sofri por esse amor desumano, também me reaproximei da minha mãe a partir do momento em que consegui entender seus motivos, suas dores que doíam tanto quanto as minhas.
Se perdi tempo por deixar minha vida profissional um pouco de lado por causa dele, me tornei uma pessoa bem melhor. Se não tivesse sofrido tanto, com certeza eu não seria o que me tornei.
Obrigada, Universo, pelo que doeu. Mas obrigada também pela forma com a qual permitiu a minha cura!

quarta-feira, 12 de março de 2014

O que eu hesitei em dizer...

E então você percebe que se interessa pela vida de alguem exatamente quando achava que sua rotina não comportava cuidados com outra pessoa que não fosse você.
Os dias ficam mais espaçosos para que o contato se torne possível, o cuidado se faz presente e o interesse em saber do correr dos dias do Outro é constante.
Ainda não sei como isso se deu; essa vontade de estar perto apesar da quilometragem que teima em ficar entre a gente.
A vida é tão inconstante, as coisas são tão solúveis e por saber disso, vivo inquieta. Mas algumas outras coisas, eu sei que são perenes. E é por acreditar na insolubilidade do que se faz com boa vontade, que eu sigo em frente apesar das inúmeras dúvidas que tenho a respeito do Outro.
É um querer bem que deixa penetrar sem invadir. É um cuidado que deixa com que eu perceba o limite exato que o Outro me dá. É uma vontade de estar perto sem ser inconveniente, de cuidar sem prender, de se aproximar sem que o Outro se afaste.
Talvez não seja o caminho certo, mas é o mais colorido, por enquanto. E se não me levar a lugar nenhum, pelo menos eu apreciei as paisagens.
E percebendo a transitoriedade de tudo, só sei que a gente nunca ia se cruzar se não parasse pra se encontrar. Foi preciso que cada um estivesse inteiro e atento.
Quero caminhar contigo.
Quero o teu abraço. Tenho certeza que ele liberta.  E depois... ah, deixa o depois pra depois.

sábado, 1 de março de 2014

Das possibilidades: tudo é questão de escolha.

Desentulhar o coração dá trabalho. Vivemos cheio de resquícios emocionais que devemos jogar fora, mas os guardamos como uma caixa de presente bonita que veio com algo importante dentro e a guardamos também como lembrança. O problema é que quando essas lembranças passam a ocupar espaços sem agregar valor passam a ser inválidas. 
Talvez alguém queira nos dar outros presentes, mas nossa casa está tão entulhada que não há onde deixar o pacote. Outros tentaram deixar alguns presentinhos espalhados pela casa, mas nós nem conseguimos percebê-los devido à enorme bagunça em que nos encontramos.
Desocupar o coração, a mente e a alma do que já não nos agrega alegria é difícil. Leva tempo se desvencilhar do que por tanto tempo foi nosso foco. 
Quando alguns sentimentos deixam de nos fazer bem, tentamos à duras penas nos agarrar à dor. Achamos que se está doendo é por que é amor. Protegemos esse sentimento de tudo. Fechamos os olhos, trancamos a porta e velamos o pranto até não sabermos mais o que fazer com o vazio que ficou.
Algumas pessoas passam anos postergando a felicidade que se apresenta em outras oportunidades. Pensam que devem ficar exatamente onde estão porque um dia viveram uma história bonita com alguém que resolveu viver uma outra narrativa. Tentam o tempo todo  relembrar os motivos pelos quais não foi possível dar uma continuidade à relação, vivem tentando remendar o que não tem conserto.
O apego ao passado pode minar qualquer possibilidade de uma relação bonita.
O apego ao passado é tão nocivo quanto uma droga.
Já vi pessoas definharem por viverem num passado que não tem a mínima possibilidade de se tornar presente, ou mesmo um futuro.
O que se tem de factual aí é a dor, e só!
A dor que extirpa qualquer tipo de relacionamento que se deseja ser saudável. Ninguém que queira uma relação de verdade, consegue ficar muito tempo perto de alguém que não está vivendo integralmente o momento presente. E ninguém que vive no passado consegue dar continuidade ao que está está acontecendo agora.
Desentulhar o coração é uma tarefa árdua, mas é um benefício em prol do seu próprio crescimento. Ninguém consegue ser feliz com o coração cheio de mágoa, ou cheio de lembranças, que se tenta a todo o tempo materializa-las como se fosse possível voltar atrás e fazer diferente, ou apenas continuar de onde foi colocado um ponto final.
Toda narrativa acaba e há tantas outras histórias legais que ainda não conhecemos.
Arrumar os sentimentos, se livrar dos que não nos fazem bem, deixar que outros ocupem lugares onde antes havia dor e impossibilidades é uma sequencia libertadora.
Só consegue viver em paz consigo e com os outros quem busca o autoconhecimento.
Buscar organizar a alma todos os dias é o que há de solução para quem quer desentulhar o coração, a vida...
Deixar para trás o que já não existe, esquecer algumas dores que já nem doem, mas que fazemos questão de lembrar o quanto sofremos quando a ferida ainda estava aberta, perdoar o que já não se pode mudar...
Sorrir e deixar que a vida nos compense com o impossível, ou com o que achávamos ser impossível. rsrs
O Universo só nos contempla com o que merecemos quando desocupamos as mãos para podermos abraçar o que há de vir.
E a felicidade só entra em nossas vidas se houver espaço em nossa casa interior para que o que realmente nos engrandece possa se alojar.
Nós escolhemos se acolhemos ou não o que nos é oferecido. E o discernimento é algo que só tem quem busca se autoconhecer.
Quanto a mim, deixei a porta aberta, desabituei certos hábitos, esqueci o passado e reformei minha casa interior pra receber o que merece ficar. Fiz minha escolha ao jogar tudo fora!
Está tudo limpo e cheirosinho. E quando entrar, por favor, deixe os chinelos com resquícios do passado do lado de fora!
***




sábado, 24 de agosto de 2013

Da maldade...



Há pessoas que machucam sem querer.
Há quem prefira se machucar para não ferir o Outro.
Há as que machucam, que se arrependem e fazem o possível para sarar a ferida.
Mas também há aquelas pessoas que machucam por hobby. 
E eu que duvidava da existência de tais seres, a cada dia me convenço de que são reais.
Pessoas com pós-gradação na arte de dissimular, que merecem um prêmio da maldade por serem tão cruéis.
A manipulação é uma de suas especialidades. Aqui a mentira é minunciosamente trabalhada.
Quem dera fosse um mero distúrbio de personalidade, que por si só já é um problema gigantesco. Mas pelo menos, nesses casos, há tratamentos.
Falo aqui das pessoas que têm prazer em serem maléficas simplesmente pelo maucaratismo que querem manter. Pelos que só conseguem se sentir superiores quando pisam nos outros.
Creio na humanidade, creio na bondade, na restauração do ser humano, quando este deseja a evolução. Mas agora também creio nos seres sem conserto, nos seres negligentes consigo mesmos e com os outros. Nos seres descompromissados com a vida, onde seus propósitos não vão além da simples construção de um momento que lhe cause um bem-estar. Repito, seres que só buscam um bem-estar próprio e momentâneo.
Seres capazes de descartar qualquer coisa ou qualquer um porque não passam da barreira do superficial, em nenhum dos aspectos da sua vida.
Seres descontínuos, incompletos, ignorantes, incongruentes. Totalmente perdidos e inconsistentes.
Penso que mesmo a pós-modernidade sendo tão cruel com a sua velocidade, suas inúmeras rupturas, sua descontinuidade e fluidez, consegue fazer tal estrago em uma pessoa.
Quem age de má fé, que engana os outros, quem tem prazer em machucar, quem é relapso com tudo, quem manipula, quem é cruel sem o mínimo pudor e sem nenhum distúrbio mental, o é por escolha própria, por má índole, por maucaratismo.
E eu, sendo mais crédula do que cética, diversas vezes achei que tais pessoas só precisavam de um direcionamento, de uma ajuda para voltarem para dentro de si e buscarem evolução. E para a minha surpresa, me enganei.
Pessoas más existem e não sentem culpa nenhuma em serem assim.
Mas apesar de constatar a existência de seres tão terríveis, eu quero é acordar todos os dias com a esperança de que a maior parte da humanidade é boa. Quero acreditar que, seja como for, a maior parte das pessoas que conheço buscam evolução.
Que a maldade alheia não me roube a vontade de me preencher com a bondade que sempre esteve presente em meu coração.
Que nenhum tipo de manipulação distorça minha essência, que eu nunca provoque o mal em alguém, mesmo que por descuido. E que na impossibilidade de acertos, eu consiga enxergar os erros e tente consertá-los sempre.
Que a ferida que o outro possa me causar não seja usada como desculpa para que eu seja cruel.
Enfim, sei que há dores por todos os caminhos. Mas eu desejo é conseguir ressignificar até as mais intensas dores. Não fazendo com que sejam armas que eu possa voltar contra o Outro ou impedimentos para que 
eu viva, mas que sejam motivações para que eu pare e perceba se estou me dando o devido valor ou não.
Que as dores causadas por qualquer pessoa não me obrigue a agir como ela, mas que sejam impulsos para que eu me melhore. Que sirvam para me abrir os olhos e sair do lugar, que me impulsionem à evolução.
E como diz Marla de Queiroz: " Eu dou o meu melhor e mereço receber o melhor também."
Mantenha distância de seres descompromissados.
É melhor sair do lugar, mudar as paisagens, do que deixar sua bondade morrer de inanição!

domingo, 14 de julho de 2013

Da bondade... (desta vez, consigo!)



Quantas vezes me doei quando era eu que precisava de cuidados. Quantas foram as vezes que estive disposta a ouvir o outro, quando tudo que eu queria era ficar em silêncio e escutar as confusões da minha própria cabeça.
Pensava eu que a minha espiritualidade deveria ser um contínuo bom humor, que eu deveria me manter constantemente caridosa e presente.
E agora percebo que é preciso sim, que eu tenha algum egoísmo. Preciso ter respeito pelo outro, mas primeiro tenho que ter um profundo respeito por mim.
Tenho que aprender a dizer NÃO, para não me machucar cada vez que digo um SIM que não condiz com o que eu quero no momento.
Eu tenho uma predisposição enorme para o amor e para a bondade, principalmente com os outros. Então, por que não exercitar esses benefícios em prol de mim mesma??
Então, hoje eu aprendi que eu posso ser uma boa pessoa, mas que eu seja boa também pra mim. Não vou mais me macular em função de um bem que só beneficiará o outro.
Ser bondosa não é estar sempre disponível. É saber o que tem que ser feito a cada momento, mesmo que isto implique em dizer vários NÃOS. Por mais que essas respostas machuquem alguém.
Só acho que é mais valioso fazer o que condiz com os meus princípios.
De agora em diante, não trairei a mim mesma para beneficiar outras pessoas.
Sou tão humana, e descobri que viver também requer custos humanos! Paguemos o preço então. Mas que cada um se responsabilize por seu débito!

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Invocação...

E hoje eu só quero invocar meu equilíbrio para que os caminhos, por mais estranhos que sejam, não tirem certeza do que eu sei que me espera.
Uma cabeça confusa pode fazer você agir de alguma forma que modifique sua vida para sempre. E nem sempre a decisão que se toma em um momento de turvação é a melhor.
Às vezes estamos confusos, agimos por impulso e acertamos. Mas em outras, e essas outras são maioria, erramos feio e sem possibilidade de conserto.
Quem disse que é fácil caminhar por lugares desconhecidos? Ainda mais quando estão escuros? Mas basta ter bom senso, bons sentimentos, pensamento positivo e tudo dará certo... E tudo fará sentindo em algum instante.
Então, hoje eu venho agradecer ao Universo por ter minhas faculdades perfeitas, por ter um coração bom e por ter uma mente aberta. Agradecer também por conseguir perdoar quem me fere e por conseguir entender aqueles que talvez nem saibam porque estão me ferindo. Agradecer por ver além dos olhos e sentir além dos sentidos.
Agradeço até pelos meus desequilíbrios momentâneos que me fazem, diariamente, valorizar minhas harmonias.
Agora é só não deixar que a cabeça confusa dos outros também tirem minhas certezas. Que as dúvidas não quebrem minha vibração. Eu sei que as poucas certezas que tenho, são a base da minha construção.
Equilíbrio, sintonia, vibração e paz. É tudo o que eu quero.
Amanhã invocarei tudo isso, de novo. Mas hoje os invoco para hoje!

domingo, 2 de junho de 2013

Das mentiras...

Essa história de mentir para poupar a outra pessoa é a melhor forma de não poupá-la.
Ninguém poupa alguém sendo leviano. Deixar a outra pessoa fazer papel de boba aos olhos dos outros é a maneira mais fácil de fazer com que ela fique magoada, de verdade.
Não há nada que não possa ser resolvido com uma conversa. E como sempre eu falo das burrices, mentir para alguém , por mais boba que seja essa mentira, é uma forma nada sutil de expô-la ao ridículo.
Ainda acho que ser verdadeiro com o próximo é uma demonstração de humanidade.
Quando se faz algo de errado e coloca-se uma mentira para tentar encobrir o erro, só se consegue tornar a situação ainda pior.
Pense no tempo que é gasto para bolar todas as explicações que você tenta dar a alguém quando começa a mentir. Penso que não vale a pena investir tanto tempo articulando pensamentos, falas e situações para que tudo pareça real. Sinceramente, é uma perda de criatividade também.
Quer uma forma boa de mentir?? Escreva contos. Contos felizes, de preferência. Assim você também traz a positividade para a sua vida. Pelo menos eu acredito nisso. Creio que pensamentos bons atraem coisas boas.
A mentira, se não for usada só nos contos, é a pior arma contra a própria pessoa que a proferiu. Mentir é como atirar no pé e depois ter que sair pulando para encontrar um lugar ameno para se tratar.
Nem sei qual é a pior das mentiras. Acho todas desnecessárias.
Mente quem quer se machucar. Mente quem não tem respeito por si. E quem não tem respeito por si vai ter respeito com outros? Lógico que não.
Qualquer tipo de mentira só consegue se transformar em desassossego e , consequentemente, em mágoa.
Afinal, a verdade foi feita para aparecer. Pode não ser hoje, mas ela sempre aparece!

E adaptando para a situação aqui a frase do meu querido Guimarães Rosa: " O que a vida quer da gente é coragem!"

Então, assuma a consequência dos seus atos. De todos eles!!
Ficar de alma lavada é bem melhor do que ficar com o coração apertado tendo que viver sempre em alerta para não esquecer das mentiras que disse. Quem mente nunca está em paz porque tem saber exatamente o que disse tempos atrás, só para não se contradizer.

Ah, a verdade!!! Ela cura tudo, até um coração machucado!